O detalhe como expressão de identidade em Carlo Scarpa

Abstract

O propósito desta dissertação visa explorar as várias idiossincrasias presentes na obra do arquitecto Italiano Carlo Scarpa (1906-1978) com o objectivo de identificar os modos de expressão pelos quais conseguiu criar uma produção arquitectónica que reflectisse a sua compreensão e interpretação do seu momento cultural e histórico. Scarpa compreendia a história como a constante acumulação de experiências e conhecimento, entendia o presente como a condensação do passado ao revés de um ponto isolado no tempo. A sua obra está repleta de uma harmoniosa relação entre o passado e o presente, sempre desempenhada pelo uso do detalhe como instrumento de mediação. O estudo da obra de Scarpa é particularmente relevante pois contém valiosos ensinamentos sobre a importância do conhecimento da arte de “fazer” no processo de concepção e construção. Juntamente com a incorporação da tradição histórica na produção arquitectónica, tema cada vez mais relevante nos dias de hoje. O seu carácter inventivo e experimental confere à sua obra uma transcendência e complexidade notáveis. Um dos aspectos fundamentais para compreender a obra e a mente de Scarpa é a leitura crítica do processo de criação. Na sua actividade a procura incessante de uma relação poética entre o construído e o indivíduo, realizada através do desenho e da memória, culmina na criação de um léxico arquitectónico extremamente diverso em que o fragmento e o detalhe tomam um papel fulcral na concepção dos seus sistemas compositivos. A linguagem criada por Scarpa é aqui lida através de uma perspectiva preponderantemente tectónica, mas também fenomenológica, em que as noções de estratificação, articulação e limite são determinantes.

The purpose of this dissertation aims to explore the various idiosyncrasies present in the work of the Italian architect Carlo Scarpa (1906-1978) with the objective of identifying the modes of expression through which he managed to create an architectural production that reflected his understanding and interpretation of his cultural and historic moment. Scarpa comprehended history as the constant accumulation of experiences and knowledge, he understood the present as the condensation of the past instead of an isolated point in time. His work is teeming with a harmonious relationship between past and present, always carried out through the use of detail as an instrument of mediation. The study of Scarpa’s work is particularly relevant as it contains valuable lessons on the importance of knowing the art of “making” in the design and construction process. Along with the incorporation of historical tradition in architectural production, a topic that is increasingly relevant today. His inventive and experimental nature grants his work a notable transcendence and complexity. One of the fundamental aspects to understanding Scarpa’s work and mind is a critical reading of the creation process. In his activity, the incessant search for a poetic relationship between the constructed and the individual, carried out through drawing and memory, culminates in the creation of an extremely diverse lexicon in which fragment and detail play a central role in the conception of his compositional systems. The language created by Scarpa is read here through a predominantly tectonic perspective, but also phenomenological, in which the notions of stratification, articulation and limit are determining.