Suicídio e comportamentos suicidas dos jovens trans

Abstract

Este estudo teve como objetivo caracterizar os fatores sociofamiliares que contribuem para comportamentos suicidas em jovens transexuais, e conhecer a sua perceção do assistente social numa equipa multidisciplinar de saúde.

Baseou-se numa metodologia qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas a dez indivíduos em processo de transição sexual. Utilizou-se análise de conteúdo e categorial.

O estudo mostrou que metade dos participantes tentaram o suicídio, a totalidade acusava ideação suicida e a maioria já praticou comportamentos autolesivos. Como principais resultados, em contexto familiar observou-se cenários de rejeição, agressão e expulsão. Na esfera social, observou-se uma harmonia com os pares, denotando-se uma fraca integração social. Quanto à perceção dos jovens relativamente ao Serviço Social, observou-se uma insipiência das competências do assistente social, apesar de alguns jovens expressarem a importância do profissional numa equipa multidisciplinar de saúde, como garante dos seus Direitos Humanos. Os participantes classificaram o suporte familiar como o mais relevante para resiliências salutares.

This study aimed to describe the socio-familial factors that contribute to suicidal behaviours in trans young people, and to understand their perceptions in the inclusion of a social worker in a multidisciplinary health team.

It was based on a qualitative methodology, through semi-structured interviews with ten individuals in the process of sexual transition. Content and categorical analysis was used. The study has shown that half of the participants had attempted suicide, all had suicidal ideation and most of them had already committed self-injurious behaviours. As main results, in the family context, scenarios of rejection, aggression and expulsion were observed. In the social domain, a harmony with peers was observed, although a weak social integration was denoted. As for the young people’s perception of the Social Service, an insufficiency knowledge about the social worker’s competencies was observed, although some young people expressed the importance of this professional in a multidisciplinary health team, as a guarantee of their Human Rights. The participants ranked family support as the most relevant for healthy resilience.