A singularidade de um património numa arquitetura sem arquitetos : Drave : uma aldeia um passado uma história

Abstract

Decorria o século XVI, quando a primeira impressão da magnifica obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, surgia, e não muito distante de 1527, a primeira referência à Aldeia de Drave. Iniciava-se assim uma história que terminaria com a viragem do milénio e com a perda do último ocupante. Drave, não sendo considerada património, nem fazendo parte do roteiro das Aldeias de Portugal, caracteriza-se pela combinação com a paisagem e pelos aglomerados de edifícios que foram raiando consoante as necessidades da população. Adotou assim um estilo próprio, sem regra, uma arquitetura não erudita, destacando-se pelo uso de xisto, material que albergou a população da Aldeia. Esta população dedicava-se maioritariamente a atividades do sector primário, com destaque para a agricultura e criação de gado. Nesta dissertação abordou-se o fenómeno da Desruralização como vertente metodológica para a perceção e comparação desta Aldeia a casos análogos como a Aldeia de Piódão, a Aldeia do Loural e a Aldeia de Talasnal, criando-se uma fórmula prática com a pretensão do rejuvenescimento da Aldeia de Drave e futura possibilidade de aplicação do Método a casos que reúnam iguais circunstâncias. A identificação da problemática deste caso de estudo e do fenómeno a ele associado, assim como a pesquisa de processos e intervenções já realizados, culminaram na aplicação de uma estratégia de reabilitação com novas funcionalidades e virtualidades, sem nunca relegar os seus valores arquitetónicos e culturais, preservando-os e potencializando-os através de uma adaptação aos pilares da arquitetura contemporânea e planeamento urbanístico. Com isto pretende-se dar uma nova vida a Drave, introduzindo-a ao conceito de Património e incorporando-a no roteiro das Aldeias de Portugal.

Abstract: It was in the XVI century that the magnificent The Lusiadas, a Portuguese epic poem written by Luís Vaz de Camões, came to be and, not too far from 1527, there was the first reference to the Drave village. It was the beginning of a story that would only come to an end in the turn of the millennium, with the loss of the village’s last habitant. Despite not being considered heritage or part of the Portuguese historical village’s itinerary, Drave blends itself with the landscape and is characterized by the clusters of buildings that arose according to the population’s needs. Thus, it adopted its own style, without rules and with a non-erudite architecture associated with it, standing out for its use of shale, the material which sheltered the population of the village. This population mainly dedicated itself to primary sector activities, particularly to agriculture and livestock farming. In this dissertation, the Deruralization phenomenon was used as a methodological approach so as to perceive and compare this village to similar cases, like the Piódão village, the Loural village and the Talasnal village, and consequently, to create a practical formula that would promote the rejuvenation of the Drave village and that could, in the future, be applied to villages of identical circumstances.The identification of this case study’s problematic and the phenomenon associated to it, as well as the research for processes and interventions previously conducted, has culminated in the application of a rehabilitation strategy. With new functionalities and virtualities, this strategy takes the village’s architectonic and cultural legacy into account, preserving and enhancing it, through an adaptation to the pillars of contemporary architecture and urban planning. With this in mind, the ultimate goal of this case of study is to give Drave a new life, introducing it to the concept of Heritage and integrating it in the Portuguese Historical Villages itinerary.