O espaço cénico na construção de um ambiente

Abstract

O espaço cénico não está limitado à boca de cena. Está presente em espaços exteriores e interiores que despertam em nós reacções sensoriais, condicionam a nossa postura, nos seduzem e emocionam. O presente artigo, elaborado a partir da dissertação de mestrado homónima, aborda os ambientes cénicos elaborados em dois campos distintos - a Arquitectura e a Cenografia -, com base na obra de um precursor de cada campo: o cenógrafo Edward Gordon-Craig e o arquitecto Le Corbusier. É traçado um paralelismo entre os ambientes espaciais preconizados por cada um, com o objectivo de determinar os pressupostos teóricos e estéticos por detrás das duas disciplinas, os veículos utilizados na criação das atmosferas que determinam um espaço cénico, os seus antecedentes históricos, contra que correntes de pensamento reagem, se são fenómenos independentes, ou se se cruzam, de alguma forma, em algum momento. As obras estudadas partilham uma preocupação: a relação entre observador e observado, actor e espectador. A cenografia criada por Craig para definir uma nova noção da interpretação do texto dramático. A arquitectura de cariz religioso desenhada por Le Corbusier. De modo a determinar o que aproxima e separa os espaços cénicos criados por estes dois autores, são abordados os conceitos por detrás dos projectos estudados, assim como a semiótica dos elementos por eles utilizados na criação dos ambientes que caracterizam as suas obras; como estes elementos têm influência na nossa percepção do espaço, e como tais características se aplicam à definição de um espaço cénico.