A Pandemia COVID-19 : o impacto na parentalidade consciente e nas práticas de controlo alimentar entre o primeiro e o segundo confinamento em Portugal

Abstract

Introdução: As medidas de contenção da pandemia COVID-19 em Portugal, nomeadamente os dois confinamentos profiláticos em 2020 e 2021 obrigaram a uma mudança drástica no estilo de vida familiar, sendo que a maior parte da população portuguesa ficou obrigada a teletrabalho e as escolas fecharam nestes períodos. A literatura sugere que estas medidas de contenção poderão ter alterado hábitos e comportamentos alimentares, assim como o estilo parental habitual. O presente estudo teve como objetivo principal, o impacto do confinamento nas práticas parentais de alimentação e parentalidade consciente, entre o primeiro e o segundo confinamento pela COVID-19. Método: Trata-se de um estudo longitudinal com dois momentos de avaliação que incluiu 31 adultos, maioritariamente do género feminino, com idade média de 41.71 (DP = 4.84) anos, variando entre os 29 e os 49 anos da comunidade com filhos com idades compreendidas entre os 3 e os 13 anos, com idade média de 7.51 (DP = 3.03) anos e maioritariamente do género feminino. Resultados: Os resultados demonstraram diferenças significativas entre o primeiro e o segundo confinamento ao nível das práticas parentais de alimentação (monitorização (Z = -4,87, p < .001), restrição alimentar (Z = -4,86, p < .001), e pressão para comer (t (30) = -23.58, p < .001)) assim como um aumento significativo das práticas de parentalidade consciente (Z = - 3.33, p < .001). Discussão: Os resultados do presente estudo indicam um impacto negativo do confinamento da COVID-19 ao nível das práticas de controlo alimentar parental, e por outro lado um impacto positivo da parentalidade consciente. O reduzido tamanho da amostra deve ser considerado na generalização dos resultados. Contudo este estudo pode contribuir para o desenvolvimento de intervenções preventivas e/ou remediativas dos efeitos negativos da Pandemia COVID-19 na infância.

Introduction: The pandemic COVID-19 in Portugal and the two prophylactics confinements in 2020 and 2021, required a drastic change in the family life style. Most of the Portuguese population that was forced to remote work and the schools were closed. The literature suggests that this containment measures might have changed the habits and eating behaviors, just like the usual parenting style. The present study aimed to examine the impact of the confinement in the parental practices of alimentation and mindfulness parenting, between the first and second COVID-19 confinement. Method: This is about a longitudinal study with two assessment moments that included 31 adults, mostly female, with average age of 41.71 (DP=4.84) years, varying between the 29 and 49 years of the community with children with ages ranging between the 3 and 13 years, with average age of 7.51 (DP=3.03) years and mostly female. Results: The results show significant changes across the first and second confinement at level of eating parental practices regarding eating (monitoring (Z= -4,87, p < .001), food restriction (Z= -4,86, p < .001), and pressure to eat (t (30) = -23.58, p < .001)), same as a significant raise of mindfulness parenting practices (Z = -3.33, p < .001). Discussion: The results of the present study indicate a negative impact of the COVID-19 confinement at level of parenting food control practices, on the other hand it seems to had a positive impact in mindfulness parenting. The reduced sample size of the sample must be considered on the generalization of these results. Although this study might contribute to the development of preventive/ remediated interventions of the negative effects of the COVID-19 pandemic in childhood.