Envelhecimento e assimetrias territoriais em Portugal

Abstract

As caraterísticas, potencialidades e lacunas da morfologia dos territórios encontram-se em permanente diálogo com a diversidade quotidiana das existências concretas das populações de um modo geral, exercendo também importantes influências nos modos como o seu envelhecimento acontece. Portugal enfrenta, não apenas os desafios derivados do acentuado crescimento do grupo etário dos maiores de 65 anos, como também – em linha com as tendências de alongamento dos ciclos de vida – os desafios inerentes à existência de uma proporção crescente de adultos que alcançam idades cada vez mais avançadas. Neste texto abordam-se os principais aspetos da dimensão territorial do processo de envelhecimento. Identificam-se os seus principais fatores e reconhece-se a urgência de adaptar as lógicas de planeamento e gestão dos territórios aos perfis demográficos de uma população crescentemente envelhecida. Parte-se do pressuposto que diferentes territórios proporcionam distintas condições, oportunidades e/ou constrangimentos aos percursos e à qualidade de vida das pessoas mais velhas, assumindo aqui particular relevância as assimetrias que distinguem os contextos rurais de baixa ou muita baixa densidade populacional e os contextos urbanos de alta densidade populacional. A um acentuado desfasamento geográfico verificado nas taxas de cobertura das principais respostas sociais dirigidas aos maiores de 65 anos (Centros de Dia, Serviços de Apoio Domiciliário e Estruturas Residenciais Para Pessoas Idosas), adicionam-se desigualdades nas condições objetivas da sua vida quotidiana materializadas nas diferenças do rendimento disponível, condições de habitação, mobilidade e acesso a bens e serviços básicos, nomeadamente serviços públicos de saúde. Este texto inscreve-se nos trabalhos de revisão de literatura para elaboração de tese de doutoramento em Serviço Social pelo ISCTE-IUL, financiados por meio de bolsa de mérito de 3º ciclo atribuída pela instituição universitária acima referida no período 2021/2022 – 2023/2024.

The features, potentialities, and gaps in the morphology of territories are in permanent dialogue with the diversity of populations in general. Also exert important influences on the way in which their ageing takes place. Portugal faces not only the challenges arising from the sharp growth of the over 65 age group, but also – in line with the trends of lengthening life cycles – the challenges of a growing proportion of elderly people reaching increasingly advanced ages. This paper addresses and identifies the main aspects of the territorial dimension of the ageing process, recognizing the urgency of adapting the territorial planning and management to the demographic profiles of an increasingly aging population. It is assumed that different territories provide unlike conditions,opportunities and/or constraints to the paths and quality of life of elderly people, with relevance in the asymmetries that dis tinguish rural contexts of low or very low population density and urban contexts of high population density. It is recognized a marked geographical gap in the covera ge rates of the main social responses directed at the elderly (Day Centers, Home Support Services and Residential Care Structures), along with effective inequalities in the daily life objective condi tions, present in the differences of disposable income, housing con ditions, mobility and access to basic goods and services, namely public health services. This paper is part of the literature review for the preparation of a doctoral thesis in social work by ISCTE-IUL, being financed through a scholarship awarded by the mentioned institution in the period 2021/2022 – 2023/2024.